Oscar Niemeyer
AD Interviews: Oscar Niemeyer
Entrevista por David Basulto
A última parte do nosso dia no Brasil, comemorando o aniversário de 104 do renomado arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer e o lançamento de Archdaily Brasil: Uma entrevista exclusiva com o próprio Sr. Niemeyer.
– Como você começou seu escritório?
Meu escritório em uma Copacabana, a única que eu tenho foi aberto e organizado para atender, desde o início dos anos 50, a crescente demanda. Nos últimos 13 anos tenho sido o arquiteto só aqui “no trabalho”, a fase inicial do projetos é feito por mim, até o projeto básico, e então eu confio o seu desenvolvimento para outros escritórios de arquitetura, especialmente os dirigidos por meu amigo Jair Valera e minha neta querida, Ana Elisa.
– Para você, o que é Arquitetura?
Na minha opinião, a arquitetura é invenção. E sob esse prisma é como eu faço meus projetos, sempre em busca de soluções bonita, expressiva, diferente e surpreendente.
– Você foi muito ativo durante um período de mudanças políticas e sociais. Qual deve ser o papel dos arquitetos na nossa sociedade?
O arquiteto é um cidadão como qualquer outro, sempre aberto para atender qualquer tipo de programa apresentado a ele, e ser constantemente conscientes da necessidade da sociedade de mudar, de promover um mundo justo e solidário.
– Qual é a importância da inovação para o seu escritório?
Nosso escritório está perseguindo constantemente a inovação, tentando manter o meu próprio estilo livre de arquitetura mais aberta, mais pessoal e suave, que eu faço há mais de seis décadas. Através de meus desenhos tenho dados aos engenheiros a oportunidade de inovar em seu campo, como o meu amigo José Carlos Sussekind, reconhecido como a pessoa responsável para as estruturas concebidas por mim no livro “Conversa de Amigos” – Editora Revan, Rio de Janeiro).
– Qual é a importância do networking para você?
Eles tornaram-se algo fundamental na nossa idade.
– Qual é a importância da Internet para o seu escritório?
Eu acho que a Internet é mais útil para os meus colegas e colaboradores do meu escritório – especialmente os que trabalham em nossa revista “Nosso Caminho” -. O que estou dizendo aqui também se aplica a Vera, minha esposa. É verdade que as pessoas que trabalham no escritório do Jair e da Ana Elisa aproveitam mais a rede mundial de computadores do que eu.
– O que você recomendaria a alguém que quer estudar Arquitetura?
Que nunca deixe as disciplinas mais técnicas enfraquecerem ou influenciar negativamente a intuição criativa do aluno. E nunca subestimar a importância da leitura: é preciso sempre ler, principalmente sobre temas não relacionados à profissão.
Quem aspira a ser um arquiteto precisa olhar para uma formação ampla e crítica, como profissional e como cidadão.
– Então, como se preparar para o mundo depois de estudar?
Para mim a leitura é fundamental. Eu expressei isso no meu livro “Ser e a Vida”, editado pelo meu amigo Renato Guimarães.
– O que você pode nos contar sua experiência após a partida e executando uma prática arquitetônica?
Eu consegui construir um escritório em Copacabana há 50 anos, e para mais de uma década eu era o único arquiteto. Eu elaborarava o projeto, definia o projeto básico e só então eu confiava para outro escritório para desenvolvê-lo – quase o tempo todo sob a direção de minha neta Ana Elisa e meu bom amigo Jair Valera, como eu disse antes.
Para gerenciar cada projeto é algo muito pessoal e, portanto, relacionados com as minhas decisões. Tudo funciona muito bem no meu escritório. É uma decisão que parece manter uma arquitetura livre, mais leve, focado na busca da beleza, a surpresa da arquitetura. Uma arquitetura que tenho defendido há muito tempo.
– Qual é a sua visão sobre o estado atual da arquitetura brasileira?
Estou muito consciente sobre o nível de qualidade que tem sido alcançado por arquitetos brasileiros e estrangeiros. Cada arquiteto deve ter sua arquitetura, e de crescer, de forma independente, sua intuição criativa e para evitar repetição.